Apresentação dos Contos
O Conto, no seu sentido tradicional, apesar da sua densidade e aparente cristalização da estrutura, embala-nos com a sua simplicidade narrativa. Conceitos de vida, sentimentos, crenças, usos e costumes tradicionais na memória do mais velho… a palavra pelo ouvido…
Já D. Dinis, o Rei letrado a quem se deve a fundação do Estudo Geral Português “alimentava” na sua corte jograis e trovadores. Assim foi até finais do séc. XIX, quando surge, em Portugal, a noção de criança; até então pequenos e grandes ouviam os mesmos relatos trágicos ou cómicos sem pudor de atentar a algum ouvido mais sensível…
Deixámo-nos, desde então, ir entregando à memória impessoal, periférica e artificial da electrónica dos nossos dias…
Começa agora a valorizar-se a memória e a tradição como espaços de busca e lugares de encontro de um sentido para a experiência das comunidades afectivas; há um visionamento da tradição como “cultura bússola”.
Edite Gil
Natural de Lisboa, nascida a 31 de Julho de 1965, mas com profundas raízes no Alentejo e infância em África, Edite Gil é projectista, poeta e contadora de histórias – recebeu do seu avô o gosto pelo conto tradicional oral –, participa ainda em grupos de poesia e orienta grupos de jovens na arte de dizer.
Diz Edite que “…é às memórias do sangue que acorro para recontar o que ouvia e, não sei se por magia, revejo os meus avós em cada conto, os seus olhares, seus trejeitos, seus gestos, sorrisos e suas vozes… Regresso aos colos, e sou feliz quando conto…”